Comerciante chinês é indiciado por feminicídio de jovem na Pavuna, Zona Norte do Rio
Por Marcelo Cunha

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) concluiu, na terça-feira, 1º de julho de 2025, as investigações sobre o assassinato de Marcelle Julia Araújo da Silva, de 18 anos, encontrada morta na Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro. O comerciante chinês Zhaohu Qiu, de 35 anos, conhecido como Xau, foi indiciado por feminicídio e ocultação de cadáver. O corpo da jovem foi descoberto no dia 14 de junho, em um imóvel pertencente ao suspeito, envolto em uma lona azul e parcialmente mutilado por cães.
Detalhes do crime e da investigação
Marcelle Julia, moradora do bairro Jardim América, desapareceu na noite de 11 de junho, após ser vista entrando na casa de Qiu, por volta das 2h, conforme mostram imagens de câmeras de segurança. Segundo o depoimento do suspeito, a jovem teria ido ao local para consumir maconha e bebidas alcoólicas. Após uma discussão, Qiu confessou ter enforcado Marcelle, alegando que, ao acordar, encontrou a vítima com uma marca roxa no pescoço e “deduziu” que ela estava morta. Temendo represálias de traficantes e da polícia, ele decidiu ocultar o corpo, transportando-o com um carrinho de mão coberto por uma lona até outra residência sua, em obras, na comunidade Beira Rio, também na Pavuna.
A perícia constatou marcas de mordidas de cães, possivelmente pit bulls, no corpo da vítima, embora Qiu não tenha confirmado a presença de animais no local. Testemunhas relataram que o comerciante criava dois cães na residência. Um amigo que dividia a casa com Qiu foi indiciado por omissão de socorro, por ter ouvido barulhos de esganadura na madrugada do dia 12 e não ter tomado nenhuma atitude.
Qiu, que vendia yakisoba em um food truck no Jardim América e era conhecido da família de Marcelle, foi preso em Carapicuíba, São Paulo, em 16 de junho, após permanecer foragido por alguns dias. Ele foi transferido para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, onde aguarda julgamento. A DHC encaminhou o inquérito ao Ministério Público do Rio de Janeiro, com pedido de conversão da prisão temporária em preventiva por feminicídio e ocultação de cadáver.
Obsessão e contexto do crime
Testemunhas e amigos próximos de Marcelle relataram que Qiu tinha uma obsessão não correspondida pela jovem, com quem mantinha uma relação conturbada. Ele era conhecido na comunidade por ser próximo da família da vítima e por participar de eventos familiares, o que inicialmente não levantava suspeitas. No entanto, relatos apontam que o comerciante frequentemente convidava jovens para festas com álcool e drogas, buscando relações sexuais. Amigas de Marcelle afirmaram que ele prometeu uma cesta de Dia dos Namorados como pretexto para atraí-la à sua casa, o que a família considera uma armadilha.
A tia de Marcelle, Cláudia, destacou a brutalidade do crime em entrevista: “Ele não deu nem a oportunidade da gente se despedir dela. Eu enterrei a minha sobrinha de caixão fechado. Ele mutilou a minha sobrinha.” A jovem, que sonhava em empreender com um curso de design de sobrancelhas e planejava criar uma página nas redes sociais sobre autoestima feminina, era descrita como carismática e dedicada.
Repercussão e clamor por justiça
O assassinato de Marcelle gerou comoção na comunidade e nas redes sociais, com a hashtag #JustiçaPorMarcelle ganhando destaque no X. Usuários expressaram revolta com a crueldade do crime, destacando a frieza do suspeito e a violência contra mulheres. “Uma crueldade sem fim. Até quando nós, mulheres, vamos passar por isso só por dizer um ‘não’?”, publicou uma internauta. Outra escreveu: “Eu nunca sequer troquei uma palavra com essa menina. Só a conhecia de vista e, toda vez que vejo foto dela, o peito dói.” A indignação reforça o debate sobre o feminicídio e a segurança das mulheres, especialmente em casos motivados por rejeição.
A investigação da DHC continua a reunir provas e ouvir testemunhas para esclarecer todos os detalhes do crime. A família de Marcelle, apoiada pela comunidade, cobra justiça e espera que a prisão preventiva de Qiu seja mantida, garantindo a punição pelo feminicídio da jovem.
Autoria: A Gazzeta RJ
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