Traficantes impõem monopólio de internet com ameaças em Brás de Pina
Por Marcelo Cunha, A Gazzeta RJ
14 de abril de 2025
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Moradores de Brás de Pina e Penha Circular, na Zona Norte do Rio, estão reféns de um esquema criminoso que controla o acesso à internet na região. Liderados por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) têm ameaçado técnicos de empresas de telecomunicações, como Claro, Vivo e Oi, para impedir a manutenção ou instalação de serviços regulares. No lugar, obrigam a população a contratar um provedor clandestino ligado à facção, sob pena de represálias.
O caso ganhou destaque após um técnico de uma operadora legalizada relatar à polícia ter sido abordado por um criminoso em outubro de 2024, enquanto trabalhava em Brás de Pina. “Aqui quem manda é o Peixão. Se não sair, vou te matar”, ameaçou o traficante, destruindo o celular do trabalhador. Segundo o depoimento, a presença de uma festa na Igreja Santa Edwiges, próxima ao local, pode ter evitado uma tragédia. Outros profissionais relatam táticas semelhantes, como roubo de equipamentos e ordens para abandonar os serviços.
A investigação da 22ª DP (Penha) aponta que a RDO Telecomunicações, operando sem autorização legal, é a única empresa tolerada na área dominada pelo tráfico. Criminosos roubam cabos e materiais de operadoras regulares, sabotando redes para forçar os moradores a aderirem ao serviço ilegal. “Eles cortam os fios das empresas tradicionais e oferecem a própria internet, cobrando taxas abusivas”, relatou um morador, que pediu anonimato por medo de retaliações.
No último dia 5 de abril, uma operação conjunta das polícias Civil e Militar resultou na prisão de sete suspeitos ligados ao esquema. Eles foram flagrados extorquindo a população para impor o uso do provedor clandestino, que também oferece serviços de streaming pirata. Equipamentos furtados, como cabos de fibra óptica e roteadores, foram apreendidos na Rua Cintra, em Penha Circular. Apesar da ação, o site da RDO segue ativo, com mensagens vagas sobre “questões de segurança” para justificar interrupções.
A Polícia Civil informou que as investigações continuam para desmantelar a rede criminosa e identificar outros envolvidos. Enquanto isso, moradores enfrentam dificuldades para acessar internet de qualidade, com operadoras regulares evitando a região por questões de segurança. “Estamos presos a um serviço caro e instável, sem escolha”, desabafou uma comerciante local.
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