O que Sigmund Freud fala sobre a depressão?
Rodolfo Rodrigues
Jornalista do Gazeta RJ
Sigmund Freud, um dos pioneiros da psicanálise, abordou a depressão de uma forma profunda e multifacetada. Para Freud, a depressão não é apenas um estado de tristeza ou desgosto, mas um fenômeno complexo que envolve diversos aspectos do funcionamento psíquico.
Freud distingue entre dois conceitos importantes: depressão e melancolia. A depressão, para Freud, é um afeto que envolve tristeza, desgosto, inibição e angústia. É uma manifestação emocional que pode ocorrer como resposta a eventos externos ou internos, e frequentemente está ligada a uma sensação de desamparo ou perda.
A melancolia, por outro lado, é um conceito mais profundo e específico. Freud a descreve como uma condição onde há uma impossibilidade inconsciente de elaborar o luto. Na melancolia, o indivíduo não consegue integrar e simbolizar a perda ou a ausência de algo significativo, levando a um estado de neurose narcísica. Em outras palavras, a melancolia é marcada por uma profunda autodepreciação e um sentimento de vazio que resulta de um conflito interno não resolvido.
Freud sugere que na depressão, os sintomas são uma forma de expressão deformada de conteúdos psíquicos que não conseguiram ser adequadamente simbolizados. O sujeito, portanto, readapta esses sintomas e os reconfigura simbolicamente, buscando uma forma de satisfação ou alívio. Esse processo de simbolização e readaptação é crucial para a compreensão e tratamento da depressão na perspectiva psicanalítica.
A visão de Freud sobre a depressão e a melancolia nos convida a refletir sobre como os conflitos internos e a incapacidade de elaborar perdas podem impactar profundamente o estado emocional e psicológico de um indivíduo. Compreender essas nuances é essencial para abordar a depressão de maneira mais eficaz e empática, reconhecendo a complexidade dos processos psíquicos envolvidos.